quinta-feira, 1 de abril de 2010



Outro dia, fui (como de costume) até o blog de Geneton Moraes Neto e com toda a sua categoria, ele fala do lançamento do livro "Boa noite"de Cid Moreira. Eis um trecho do que ele diz:

A passagem pela TV deu a este blogueiro a (rara) chance de ter suas frases mambembes lidas por vozes grandiosas, como as de Cid Moreira, Sérgio Chapelin ( é dono de uma das locuções mais marcantes, mais elegantes e mais bonitas da história da TV brasileira), William Bonner (caso raríssimo de jornalista que, se quisesse, poderia fazer carreira apenas lendo textos com aquele vozeirão), Celso Freitas, Berto Filho. São feras diplomadas e reconhecidas. A gente dizia, em tom brincadeira: “Lida por Sérgio ou por Cid, uma frase como Gugu-Dadá imediatamente soa importante”.
De vez em quando, uma alma curiosa pergunta ao blogueiro: “Por que é que você não lê o texto de suas matérias na TV?”. Respondo, há anos: se algumas das vozes mais marcantes da TV estão ali, ao alcance da mão, para dar brilho, ritmo, clareza e força ao que a gente escreve, por que é que eu iria dispensá-las ? Sempre que possível, recorri e recorro a elas. Fiz os cálculos: daqui a 85 anos, seis meses e vinte e cinco dias aparecerá um jornalista que leia um texto com o brilho de um Sérgio Chapelin ou um Cid Moreira. Como diria o filósofo Riachão, “cada macaco no seu galho”. Voz é dom. Não se adquire.


Uma das cenas narradas por Cid no livro:
“Sou uma pessoa que teve grande credibilidade em meu trabalho, que teve muitas coisas que muitos poderiam chamar de sucesso. Era reconhecido por um país inteiro, onde quer que eu fosse, tive relacionamentos amorosos com muitas mulheres bonitas e inteligentes, tive dinheiro, prestígio e cultura. Usufruí de conforto e pratiquei esportes. Vivo em uma das cidades mais bonitas do mundo, quase em frente ao mar. Viajei e visitei várias partes do planeta. Então, muitos vão insistir que isso é sucesso e tudo o que o homem precisa nessa vida. Eu vou dizer do fundo do meu coração : é tudo ilusão, como refletiu tão bem o sábio rei Salomão. É tudo ilusão ! Não que eu não seja agradecido, ou coisa assim, por ter vivido as minhas experiências (…) Nâo estou dizendo que, apesar de tudo, não foi boa a minha vida. Estou dizendo que, em algum momento, a gente para para pensar e se dá conta de que se sente imensamente sozinho. Certa noite, depois do jantar, sentei em uma poltrona em meu escritório e sentir uma dor incrível provocada pela solidão. Nesse dia, eu chorei. Chorei muito mesmo! De soluçar! De doer a alma! Quando não suportava mais essa dor, me ajoelhei e pedi a Deus um sinal do que eu deveria fazer para tornar minha vida realmente significativa (…) Nós, miseráveis, que andamos de um lado para o outro sem saber para onde estamos indo, nos destruímos mutuamente(…) Desejo parar de vagar que nem cego e usar os atributos que me foram dados de maneira inteligente”.
Depois dessa crise, Cid Moreira embarcou num projeto grandioso: usar aquela voz para gravar a Bíblia na íntegra.

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